terça-feira, 17 de julho de 2012

A Arte que humaniza - Adailton Silva Ferreira*

Xilogravura Hamurabi Batista 

A arte não tem idade
É parte do nosso ser
Humaniza a criatura
Atiça o nosso saber
Diminuindo a distância
Entre o mal e o bem querer 

Arte degrau da cultura
Amor e evolução
O saber de quem procura
Extrair do coração
A própria conjectura
Do despertar da emoção

Seja através do teatro
Folclore e animação
Pinturas, artesanatos
Versos, viola e canção
Bonecos manipulados
E o esporte que é paixão

Arte circense e de rua
Seja o enredo qual for
É vida que se situa
Desvendando um só valor
E no manejo se cria
A obra e seu criador

Sejam os grandes notáveis
Artistas já consagrados
Ou anônimos esquecidos
No recanto do passado
E muitos entristecidos
Resgatando o seu legado
Criatura que se aproxima
Do grau da sabedoria
Em gestos simples que anima
O sabor de cada dia
A mão na massa refina
E mais uma arte se cria

Resgatados da sepultura
Trazendo-lhe a auto-estima
Os moradores de rua
Que há tanto tempo se esgrima
Muitos deles se situam
Quando na arte se afinam

Encarcerados num canto
Arquitetando a tristeza
Que muitas vezes constrói
Obras de rara beleza
Em cada ferida dói
A dor da sua incerteza  

A arte que humaniza
Modifica o cidadão
Toda mudança precisa
De ser forte o coração
Pra suportar as intrigas  
E a descriminação
 
É tanta a desigualdade
Que nosso artista é herói
Dentro de uma sociedade
Que tudo aos poucos corroe
É como uma enfermidade
Que muito rápido destrói

Se apoio não faltasse
O nosso país sorria
E uma pitada de artista
Em todo canto se via
Pois um toque de estilista
Em nova terra se abria

Protestos em forma de versos
Transformado em ovação
E um país submerso   
De cantiga em gratidão
Seria um novo regresso
Da voz e da vocação

Em vez de equilibristas
No gume de uma navalha
As obras socialistas
Ao novo mundo se espalha
Ficando a perder de vista
A sociedade canalha

Vamos dar vez a que pode 
A quem sabe arquitetar 
A quem poeira sacode
E sabe conectar
Quando no peito explode
A cultura popular

Cultura de muitas raças
Sabedorias e crenças
Enquanto jogada às traças
Renegada às doenças
Ressurge de praça em praça
Humilde, sem prepotência

É a arte que liberta
Estreitando as diferenças
Baluarte que se infesta
Mantendo a sobrevivência
Dos transeuntes em festa
Combatendo a violência  

O ser humano é artista
Pois é dele que sai vida
A sua mente é o livro
De criações escondidas
Reduto dos fugitivos 
Das juventudes perdidas  

Coletivo camaradas
Que ergueu sua bandeira
Suas prosas são espadas
E seus versos a trincheira
Transformando a luta armada  
Em cultura brasileira.  


*Adailton Silva Ferreira – Natural de Juazeiro do Norte, reside atualmente em São Paulo tem cerca de 30 cordéis escritos com a temática política e romântica, prepara seu livro “Meus versos e minhas prosas”  




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