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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Coletivo Camaradas - Salete Maria*


Xilogravura: Carlos Henrique 


Um grupo do Cariri
Com outra percepção
Faz da arte emergir
Nova significação:
Educação e estética
Luta, amor e poética,
Em conjunta atuação!

Educação informal
Política de integração
Emergência marginal
Periferia em ação
Preocupação social
Confluência cultural
Tudo em outra dimensão!

Fazer colaborativo
Muita socialização
Agir comunicativo
Múltipla compreensão
É o tecido social
Mostrando a vida real
Causando reinvenção!

A rua como estandarte
Da prática cultural
A teia viva da arte
Vibrando em todo quintal
Novas linguagens surgindo
O cheiro do que vem vindo
Em ebulição total!


Arte feita pelo povo
Em pleno meio da feira
Transformando arroz e ovo
Em notícia alvissareira
Gente comum atuando
Todos protagonizando
Uma arte sem fronteira!


Estudantes descobrindo
Seu potencial latente
Muito talento surgindo
Sob o foco desta lente
Que, com arte-educação,
Constrói a revolução
Como quem planta semente!


Diálogo multifocal
Respeito à diversidade
Performance teatral
De grande inventividade
Cultivando a utopia
Abraçando a rebeldia
E beijando a liberdade!

Assim é o Coletivo
Chamado de Camaradas
Um grupo mui criativo
Nascido lá nas quebradas
Bem ao sul do Ceará
Que pra melhor explicar
Recorro à rima encantada:

Constelação de hermanos
Batalhão de gente boa
Bando de seres humanos
Caravana de pessoas
Malta de batalhadores
Cabruêra de inventores
Time figura de proa

Congregação de artistas
Consórcio de trovadores
Conclave de paisagistas
Elenco de cantadores
Plêiade de zabumbeiros
Família de batuqueiros
Multidão de bons atores

Tertúlia de grafiteiros
Ruma de fotografistas
Orquestra de educadores
Quadrilha de equilibristas
Fauna de recitadores
Turma de compositores
Enxame de ensaistas


Alcatéia de dançantes
Boiada de escultores
Tropa de comediantes
Cardume de redatores
Manada de desenhistas
Matilha de musicistas
Ninhada de emboladores


Rebanho de cordelistas
Revoada de pintores
Penca de cinegrafistas
Alameda de escritores
Frota de xilografistas
Cordilheira de estilistas
Magote de produtores


Arquipelágo de modistas
Esquadrilha de autores
Flora de artesanistas
Molho de restauradores
Lote de coreografistas
Ramalhete de ativistas
Cambada de vencedores!

Eis então um Coletivo
Cheio de camaradagem
Acontecimento vivo
Carregado de imagem
Pra quem faço esta oração
E invocando uma canção:
Saúdo a quem tem coragem!

*Salete Maria é  cordelista, professora e advogada, necessariamente nesta ordem. Reside entre Juazeiro do Norte-Ceará e Salvador-Bahia (Brasil). Atualmente, encontra-se em lugar incerto e não sabido (risos), realizando pesquisas culturais e acadêmicas. Sua poesia é emancipatória e contra preconceitos. É membro-fundadora da Sociedade dos Cordelistas Mauditos(sic). É apologista do pluralismo cultural. Tem cordéis premiados pela Fundação Cultural do Estado da Bahia-FUNCEB, recitados pela poetisa Deth Haak, musicados pela cantora Socorro Lira, citados pelo jornalista Arnaldo Jabor, inspirados pelo cineasta Vagner Almeida e referenciados por diversos pesquisadores e amantes da literatura popular e da cultura oral, deste e de outros países. Seu trabalho é utilizado em cursos, palestras, debates. Suas temáticas são múltiplas, com destaque para as questões marginais e periféricas. Sua ênfase é nos direitos humanos, sobretudo de mulheres e homossexuais. Transita entre diversas linguagens, opera com signos variados e apresenta uma rima inventiva, irônica, dramático-cômica e, sobretudo, política e intertextual. Salete Maria é, principalmente, cordelírica total.